domingo, 25 de novembro de 2012

"VEJA" DETONA JOSÉ RIVA E CONTA COMO ELE VIROU UM DOS MAIS PODEROSOS DO PAÍS

O currículo do deputado estadual José Riva (PSD), 53 anos, só perde em extensão para um item de sua biografia: a sua ficha corrida. Réu em 102 processos de improbidade administrativa, vinte processos penais e alvo de outros tantos inquéritos que vão desde temas tão variados como compra de votos até apropriação de terras do estado em nome de laranjas, ele é considerado pelo Ministério Público estadual “o maior ficha-suja do Brasil”.

Riva chegou a perder o mandado e ter o diploma cassado em 2010 pela Justiça Eleitoral, em razão de uma denúncia de compra de votos em 2006, mas conseguiu um novo mandato nas urnas. Neste ano, reverteu a decisão no TSE. Também já foi condenado em quatro ações por improbidade, mas recorreu em todas. No total, os promotores calculam que o deputado e seu grupo político desviaram quase 400 milhões de reais (em valores corrigidos) da Assembleia Legislativa desde 1998.

“Em nenhum momento houve desvio de recursos”, diz Riva. Em um dos casos, a segunda instância confirmou a condenação, mas, como a decisão ainda não foi publicada, na prática pode declarar-se um ficha-limpa. Tem a agradecer, e muito, à famosa lentidão da Justiça brasileira. 

Sua ficha corrida – mais uma ficha-maratona, dada a sua extensão – não o impede de ser um dos políticos mais influentes do estado. No primeiro ano como deputado, em 1995, Riva assumiu um cargo na mesa diretora e, desde então, vem se revezando como primeiro-secretário – responsável pela ordenação das despesas – e como presidente, cargo que ocupa atualmente. 

“Ele transformou a Assembleia num balcão de negócios de tal sorte que ninguém o contesta. Tem ascendência sobre quase todos os deputados e é mais influente que o governador”, diz um ex-chefe da Casa Civil do estado.

Há alguns meses, Riva conseguiu aprovar um projeto que permitiu sua reeleição à presidência, sem mais ter de recorrer à artimanha de se tornar primeiro-secretário, e assim continuar no comando.

Seu poder espraiou-se por outras searas. Seu filho José Geraldo Riva Junior, por exemplo, foi exonerado do Tribunal de Contas do Estado sob acusação de ser funcionário-fantasma. Já sua mulher, Janete Riva, além de integrar uma lista negra de empregadores de trabalho escravo, é acusada de ter provocado um dano ambiental avaliado em 38 milhões de reais por retirada ilegal de madeira.

Para manter-se influente no Judiciário, Riva distribuiu cargos a filhos de desembargadores – ao menos um deles era fantasma. A dúvida é até quando ele conseguirá manter-se impune, escapando da Justiça e da Lei da Ficha Limpa.

Por: Veja em 25/11/2012 15:14:30

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