terça-feira, 20 de novembro de 2012

ENQUANTO ISSO VAMOS APLAUDINDO AS OBRAS DA COPA NA CAPITAL DE MT - Pacientes aguardam no chão vaga no Pronto-socorro de Cuiabá

Os corredores do Hospital Municipal e Pronto-Socorro de Cuiabá (HMPSC) voltaram a ser ocupados. Cerca de 20 pacientes aguardam em macas, no chão, por uma vaga na sala amarela ou um quarto da enfermaria. Entre as vítimas da situação degradante está um servidor público estadual, que precisa de fisioterapia para evitar a paralisia das pernas e recebe atendimento em local improvisado. 

Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil de Mato Grosso (Siagespoc) entrou com mandado de segurança contra o Estado para requerer o acesso à saúde. Contorcendo-se de dor o investigador Vinícius Alves Câmara, 24, aguarda por um leito em um dos corredores da unidade de referência em urgência e emergência da Baixada Cuiabana. 

As 2 pernas estão sem movimento, principalmente a esquerda. Ele está com trauma na coluna vertebral, depois de ter sofrido acidente com a viatura em horário de trabalho em uma estrada de chão de Santa Terezinha (1312 km a nordeste da Capital) na quinta-feira (15). O investigador desviou de um animal, quando bateu em uma cerca por volta das 00h30. 

Somente às 8h uma pessoa que passava pela estrada o socorreu inconsciente. O médico indicou a fisioterapia para reduzir os danos e tentar recuperar a atividade motora. Mas a direção do OS negou, inicialmente, realizar o atendimento no corredor. Depois que a reportagem esteve no local o serviço foi autorizado. 

Junto com Vinícius, outras pessoas estão em macas nos 2 corredores próximo à sala vermelha destinada aos pacientes da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e à sala amarela, considerada uma semi UTI. Auxiliar administrativa, Josiane Aparecida Silva Rodrigues, 24, acompanha na fila a espera da mãe Maria Ivonete Silva Rodrigues, 43, que sofreu acidente de trânsito na sexta-feira (16) em Sapezal (480 km a noroeste da Capital). 

As 2 estão no corredor sem previsão de uma vaga no quarto. A coluna de Maria foi afetada pela batida e enquanto aguarda a filha, junta dinheiro para custear, pela rede privada, o exame de ressonância magnética no valor de R$ 800. 

Auxiliar de produção Sandra Maria de Oliveira Gomes, 36, está com o filho Bruno de Oliveira Matos. O jovem precisa de uma cirurgia no pé direito, ferido por um copo de vidro em uma discussão familiar. A mãe pede urgência no atendimento, porque está sem trabalhar para ter que acompanha-lo e também sem atestado. Ontem apenas 1 enfermeira e 1 técnica de enfermagem prestavam serviço aos pacientes dos corredores. 

Pai de Vinícius, o investigador Ary José Moraes, 50, reivindica o tratamento especializado previsto aos servidores no Estatuto da categoria, quando o acidente ocorre no exercício profissional. De acordo com o artigo 189 da lei 407 de 2010, é direito do funcionário público o atendimento. 

Ary diz ser revoltante ter que comprar um remédio do valor de R$ 3,87 para oferecer o tratamento do filho. Mesmo sob custo baixo, falta medicamento como óleo mineral na unidade. A família possuía convênio com o MT Saúde, mas por causa dos problemas com este plano Ary diz ficar sem saída. 

Presidente do Siagespoc, Aníbal Marcondes Fonseca tenta remover Vinícius da unidade para a rede privada. Ontem a entidade ingressou com mandado de segurança contra o Estado, para que este custeie os gastos a serem realizados para o tratamento do investigador. Aníbal visitou o HMPSC com a reportagem e o definiu como um hospital em situação de guerra. 

Outro lado 
Secretário de saúde da Capital, Huark Douglas Correia admite a superlotação do HMPSC. Ele atrela a situação à falta de atendimento no Pronto-Socorro de Várzea Grande com a greve dos médicos iniciada há cerca de 4 meses. Em Cuiabá a paralisação da categoria há 20 dias não prejudica o andamento dos serviços, mas o fluxo do interior para a unidade acumula com os pacientes encaminhados da cidade vizinha. 

O débito de R$ 1,3 milhão do governo estadual com o HMPSC também implica em falta de investimento e Huark diz que a unidade não tem mais condição de ser referência em urgência e emergência nesta condição. Sobre Vinícius, o secretário afirma que o paciente foi encaminhado sem protocolo pela regulação e, por isso, a família tinha conhecimento da falta de vaga. Não há previsão de atendimento aos pacientes em espera por um leito. 

midianews

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