quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Governo brasileiro repudia assassinatos de brasileiros em San Matias

O governo brasileiro manifestou repudio às autoridades bolivianas pelas mortes brutais dos brasileiros Rafael Max Dias e Jefferson Castro Lima, que foram queimados vivos na última terça-feira (13), em San Matias. O Ministério das Relações Exteriores emitiu uma nota sobre o caso.

Eles foram tirados à força de um presídio, por cerca de 300 pessoas, que jogaram gasolina e atearam fogo em seus corpos.

"O Governo brasileiro tomou conhecimento, com grande consternação, do assassinato dos cidadãos brasileiros Rafael Max Dias e Jefferson Castro Lima, por moradores da localidade de San Matías, na Bolívia, próximo à fronteira com o Brasil, quando se encontravam sob detenção em prisão local", diz trecho da nota.

"A Embaixada em La Paz foi instruída a manifestar às autoridades bolivianas repúdio ao crime que vitimou os cidadãos brasileiros, instando-as a adotar medidas que evitem a ocorrência de situações similares e a proceder às investigações necessárias com toda a celeridade e rigor".

A nota afirma ainda que o Consulado-Geral, em Santa Cruz de la Sierra, foi instruído a organizar visita de agentes consulares e policiais brasileiros à localidade, "com vistas a colher informações detalhadas sobre o incidente, acompanhar o início das diligências policiais e prestar assistência consular às famílias das vítimas".

O crime

Os brasileiros foram detido acusados de participar de um triplo homicídio. Eles teriam discutido com os bolivianos sobre o preço de duas motocicletas (supostamente roubadas no Brasil para serem vendidas no país vizinho).

Eles eram acusados de matar a tiros, os bolivianos Paulino Parabá Ramos, 33 anos, Banderley Costas Parabá, 27, Edgar Suárez Rojas, 26 e ferir Samuel Carajal Salvatierra e Sérgio Ramos Poñé, que estão no Hospital Regional de Cáceres.

Revoltados, moradores locais invadiram a delegacia, retiraram os brasileiros e os enxharcaram com gasolina. Em seguida, atearam fogo nos dois, ainda vivos.

San Matías fica na fronteira com o Brasil, a cerca de 80 quilômetros de Cáceres (MT), e tem apenas dez policiais. As autoridades bolivianas disseram que não havia como controlar a população.

Jefferson Max de Castro Lima e Rafael Dias, eram moradores de Várzea Grande, na área metropolitana de Cuiabá.

Familiares de ambos entraram em contato com a Polícia local e disseram que ainda não foram informados, oficialmente, da morte. Eles também não sabem como irão transladar o que sobrou dos corpos.

Os familiares não informaram o que eles foram fazer na Bolívia.

Segundo a Policia Civil de Mato Grosso, Jefferson Castro esteve preso recentemente em Tangará da Serra, por roubo de motos e tráfico de drogas e Rafael Dias, já esteve na Pentinenciária Central do Estado em Cuiabá, pelos memos crimes.

Traslado

As mães dos brasileiros que morreram queimados por populares em San Mathias, na Bolívia, cobram o traslado dos corpos dos filhos para Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, onde as famílias moram. Ainda assustadas com o ocorrido, elas aguardam a liberação dos restos mortais dos filhos para velar e sepultar os jovens que foram queimados por cerca de 300 manifestantes que invadiram a delegacia onde eles estavam detidos por suspeita de matar três bolivianos no início da semana.

"Gostaria que eles mandassem o corpo dele para que a gente possa vê-lo pela última vez", disse Marilei Marques da Silva, mãe de Rafael Marques de Moraes, de 27 anos. Rafael era padrasto de Jefferson de Lima, de 22, que também morreu queimado. Segundo a família, quando saíram de casa os dois disseram que iriam trabalhar em uma fazenda na Bolívia. "Me disseram que tinha acontecido algo ruim e achei que ele tivesse sido preso, mas era algo pior", lamentou a mãe de Rafael.

As famílias dizem não achar justo o que aconteceu em San Mathías e cobram providências das autoridades. "Tem que ter uma investigação para saber o que aconteceu realmente porque até agora só sabemos pela televisão", frisou a mãe de Jefferson de Lima, Maria Raimunda Coelho.

O governo de Mato Grosso disse ter assumido o compromisso de fazer o traslado dos corpos dos brasileiros. Para isso, a Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp) enviou um oficial do Comando Regional de Cáceres, para acompanhar a liberação dos corpos junto ao consulado brasileiro.

A previsão é que os restos mortais sejam trazidos no final da manhã desta quinta-feira (16) para o Instituto Médico Legal (IML), em Cuiabá, e só depois serão liberados para a família.
Por: Midia News/Jornal Oeste em 16/08/2012 09:26:50

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