sábado, 7 de julho de 2012

DURA REALIDADE - Em dois anos de cadeia, goleiro Bruno viu sua renda mensal cair em 99%

Jogador perdeu quase todo o patrimônio após a prisão, em julho de 2010

Festas, mulheres e carros de luxo não fazem mais parte da vida do goleiro Bruno Fernandes há dois anos. Acostumado a esbanjar dinheiro em farras, o jogador agora vive em uma cela de 6 m² sem qualquer tipo de regalia. Desde julho de 2010, quando foi detido pela polícia mineira, teve uma queda de 99% na sua renda mensal. Segundo o advogado do atleta, Francisco Simim, o Flamengo pagava um salário de R$ 150 mil ao goleiro, que também recebia cerca de R$ 250 mil em propagandas.
Após a prisão, com o cancelamento de trabalhos comerciais e a suspensão do contrato com o clube, Bruno desceu do patamar de milionário, com um saldo de R$ 400 mil mensais, para figurar no cenário vivido por muitos brasileiros. Desde que foi incorporado ao time de detentos que faxinam o pavilhão da Penitenciária Nelson Hungira, em Contagem, na região metropolitana de BH, tem uma remuneração de 3/4 do salário mínimo, o que corresponde a R$ 466. A cada três dias trabalhados, o atleta tem um dia reduzido na pena.
Os advogados do goleiro ainda acreditam em sua soltura e na recuperação do patrimônio perdido. Hoje, ele possui apenas um sítio em Esmeraldas, avaliado em R$ 1.200.000, que decidiu dividir com a ex-mulher, Dayanne Souza, na ocasião do divórcio. No entanto, o imóvel está embargado pela Justiça por ter sido o provável cativeiro de Eliza Samudio. A casa em que Bruno morava na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, a Land Rover - que custa em média R$ 300 mil, e os vários apartamentos comprados na planta ficaram para trás, assim como sua ascendente carreira no futebol.

Antecedentes
Nascido em uma família pobre de Ribeirão das Neves, na região metropolitana, em 1984, Bruno foi criado pela avó e teve uma infância difícil no bairro Minaslândia. Em 2005, estreou pelo Atlético Mineiro, onde ficou por dois anos, e atuou em 59 jogos. Depois de uma contratação passageira pelo Corinthians, em 2006 foi vendido ao Flamengo, onde viveu o auge de sua carreira e teve o nome cogitado para integrar a seleção brasileira. O goleiro ficou conhecido pela personalidade forte e se envolveu em algumas confusões antes da acusação da morte de Eliza Samudio.
Em 2008, o meio-campo Marcinho, seu então companheiro de clube no Flamengo, agrediu uma prostituta em uma festa em seu sítio. Em defesa da mulher, disse que “independentemente de ser prostituta ou não, é mulher, e bater em mulher é covardia”. No entanto, dois anos depois, logo após a agressão do atacante Adriano à sua noiva, Joana Machado, virou manchete ao defender o companheiro com a seguinte alegação: “Qual de vocês que é casado que nunca brigou com a mulher? Que não discutiu, que até não saiu na mão com a mulher, né cara? Não tem jeito. Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”. A declaração teve tanta repercussão, que o atleta pediu desculpas em público.
Mesmo casado com Dayanne, Bruno mantinha várias amantes, entre elas a carioca Fernanda Castro, também apontada como participante do crime. O jogador conheceu Eliza Samudio em um churrasco na casa do atacante Adriano. Em 2008, a modelo o acusou de sequestro e agressão, no Rio de Janeiro. Em junho de 2010, Eliza desapareceu após ser vista no sítio do goleiro, em Minas Gerais.

A vida segue
- É um exercício diário, eu tento esquecer. Quando está no auge, vivem me lembrando.
Na tentativa de enterrar o passado, a ex-mulher de Bruno, Dayanne Souza, não gosta de falar sobre o suposto crime e leva uma vida normal, sem luxos ou holofotes. Trabalha como vendedora em uma loja de roupas, na capital mineira, para sustentar as filhas, pois não recebe um centavo de pensão do goleiro. A jovem é compreensiva e entende que o jogador não tem condições financeiras, mas batalha para mantê-las em boas condições.As meninas, de 3 e 6 anos, estão matriculadas em uma escola evangélica, onde segundo mãe, não sofrem recriminações em relação à situação do pai.

Quando perguntada sobre a inocência de Bruno, prefere o silêncio, mas afirma que ele foi um pai exemplar, imagem que tenta passar até hoje para as crianças.
- Eu tento apagar o que aconteceu, tento passar o pai que ele foi. Minha filha fala que o pai é o herói dela. A imagem dele foi danificada. Eu mantenho essa visão de mega pai, independente do que digam. Pelo amor que sinto por minhas filhas, não vou acabar com a reputação dele. Convivi com ele por três anos e não conheci esse lado monstro.
Por isso, acata o pedido do jogador e não deixa que as meninas vejam qualquer notícia sobre o assassinato de Eliza, para que "quando crescerem, se tiverem acesso, tenham a chance de repensar". Aliás, Dayanne reforça que sua imagem também foi distorcida durante o processo de investigação, quando também foi detida suspeita do sumiço da modelo.
Enquanto isso, Dayanne diz que segue a vida sem ressentimentos do ex-marido e ainda tem um forte sentimento de amizade por ele.
 - Você conhece a Dayanne no papel, não conhece o coração. Não quero pensar que minha imagem está distorcida. Quero pensar que foi melhorada, eu tento viver com o que eu sei que sou.

O caso Eliza Samudio
O jogador Bruno Fernandes e mais sete pessoas foram indiciados pelo sequestro e morte de Eliza Samudio. A jovem desapareceu em junho de 2010. No dia 25, seu filho foi encontrado na casa de uma amiga da ex-mulher do goleiro, Dayanne Souza.
Após depoimento de todos os suspeitos, a polícia concluiu que Eliza foi sequestrada com seu filho no Rio de Janeiro, no dia 4 de junho, e levada para Minas Gerais. As investigações indicaram que a modelo foi mantida no sítio de Bruno, em Esmeraldas, na região metropolitana. Dias depois, ela teria sido assassinada na casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em Vespasiano, também na região metropolitana.
Apesar de o corpo de Eliza não ter sido encontrado, a polícia concluiu que ela está morta.
No final de junho deste ano, a mãe da jovem recebeu uma carta com descrições detalhadas do corpo da filha. O texto dizia que os restos mortais da modelo estão em um poço no bairro Planalto, na região da Pampulha, na capital, mas o delegado Wagner Pinto descartou buscas no local.

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